Migalhas de pão

Compreender a Mobilidade Elétrica

Mobilidade elétrica é uma forma moderna de deslocação que utiliza veículos movidos a eletricidade, em vez de combustíveis como gasolina ou gasóleo. Carros, autocarros, bicicletas e trotinetes elétricas fazem parte desta nova forma de se mover pelas cidades.

Estes veículos são mais silenciosos, mais económicos no dia a dia e, acima de tudo, ajudam a reduzir a poluição do ar. São uma alternativa sustentável e amiga do ambiente para responder às necessidades atuais e futuras de mobilidade.

A infraestrutura de carregamento é o conjunto de equipamentos e sistemas que permitem recarregar veículos elétricos. Inclui os postos de carregamento, que podem estar em locais públicos (ruas, centros comerciais, parques) ou privados (garagens, empresas), e a rede elétrica que fornece a energia.

Enquanto carros a combustão dependem exclusivamente de postos de combustível em espaços públicos, os veículos elétricos podem ser carregados tanto em locais públicos como privados, tornando o processo mais flexível e prático.
 

O funcionamento da infraestrutura de carregamento depende da interação entre diferentes elementos:

São ainda de destacar:

 

  • Prestadores de serviços (EMSPs): as empresas que fornecem serviços aos utilizadores, como apps de carregamento, planos de pagamento e assistência;
  • Operadores de carregamento (OPCs): responsáveis por instalar e manter os postos. Garantem o funcionamento dos equipamentos e planeiam a expansão da rede;
  • Municípios e governos, que têm um papel fundamental:
    •    Criam incentivos;
    •    Definem regras de segurança;
    •    Licenciam espaços públicos;
    •    Planeiam o crescimento da rede.

 

Carregamento e abastecimento são experiências diferentes:

Da mesma forma, carregamento e pagamento são ações distintas:

CARACTERÍSTICAS DO MODELO PORTUGUÊS

Em Portugal, todos os postos de carregamento estão ligados a uma única plataforma digital de informação, gerida pela MOBI.E.
Isto permite partilhar, em tempo real, informação útil para utilizadores de veículos elétricos (UVE), CEME, OPC e outras entidades reguladores, fiscalizadores, académicas, etc..


Exemplos:
1.    Estado da Rede: mostra se os postos estão livres ou ocupados.
2.    MOBI.Data: dados e estatísticas sobre a mobilidade elétrica.

Em Portugal, os utilizadores de veículos elétricos podem carregar em qualquer posto de carregamento ligado à rede Mobi.E, independentemente do operador, usando apenas um cartão ou app de mobilidade elétrica (emitido por um CEME).
Isto significa que, com um único contrato e um único meio de autenticação, é possível aceder a toda a rede nacional de carregamento, sem necessidade de múltiplos cartões ou aplicações.
Esta interoperabilidade facilita a utilização dos veículos elétricos, promove a concorrência entre comercializadores e melhora a experiência do utilizador.
 

Em Portugal, o sistema de mobilidade elétrica está ligado ao setor da energia.
Isto permite que funcione da mesma forma em espaços públicos e privados:

 

1. OPC (Operadores de Postos de Carregamento):

  • Podem instalar postos em espaços privados, com menos riscos.
    • Menos risco de baixa utilização.
    • Menos investimento em infraestrutura.

2. Os CEME (Comercializadores de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica):

  • Podem vender energia em espaços privados, usando os mesmos contratos dos espaços públicos.
  • Aumentam os seus rendimentos e fidelizam clientes.
     

3. Os UVE (Utilizadores de Veículos Elétricos):

a) Particulares:

  • Podem carregar veículos da empresa em casa, sendo a empresa a pagar a energia.
  • Podem partilhar pontos de carregamento em prédios, com cada utilizador a pagar o seu consumo — menos investimento necessário.
     

b) Empresas:

  • Podem contratar um CEME para abastecer toda a frota eletrificada.
  • Acedem com o mesmo contrato a postos públicos e privados ligados à MOBI.E.
  • Reduzem os custos de gestão da frota eletrificada.
  • Permitem que os empregados carreguem nos postos da empresa, pagando a energia que usam.

Em Portugal, a plataforma digital de informação da MOBI.E encontra-se tecnicamente habilitada para recolher, em tempo real, os dados de consumo de energia elétrica de todos os pontos de carregamento integrados na rede Mobi.E. Estes dados são transmitidos diretamente aos sistemas dos Operadores de Rede de Distribuição (ORD), permitindo:

  1. Que os ORD separem os consumos de energia da mobilidade elétrica dos restantes consumos elétricos.
  2. A separação funcional entre os Comercializadores de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica (CEME), responsáveis pela comercialização de energia, e os Operadores de Pontos de Carregamento (OPC), responsáveis pela gestão dos equipamentos de carregamento.
  3. Eliminar os custos fixos associados à potência contratada nos consumos da mobilidade elétrica suportados pelos OPC, o que:
    1. Reduz um dos principais custos fixos operacionais;
    2. Incentiva a instalação de postos de carregamento:
      1. Em zonas do interior, com menor procura;
      2. Com potências mais elevadas.
  4. Aumentar a concorrência na venda de energia para a mobilidade elétrica, permitindo que qualquer CEME comercialize energia em qualquer posto de carregamento ligado à rede MOBI.E.
  5. A simplificação dos processos de integração técnica e a ampliação da interoperabilidade, dado que:
    1. Os CEME necessitam apenas de uma integração única para aceder a todos os pontos da rede;
    2. Os OPC, com uma única integração, garantem o acesso a todos os utilizadores registados (UVE), sem necessidade de integrações bilaterais adicionais.
  6. Os UVE com um único contrato de fornecimento de energia podem aceder a todos os pontos de carregamento independentemente do OPC.

Em Portugal, carregar na infraestrutura de carregamento é simples e rápido. Com apenas três passos, pode começar a carregar o seu veículo elétrico em qualquer ponto da rede Mobi.E:
1. Aderir - Escolha e contrate um CEME (Comercializador de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica). É com ele que faz o seu contrato e recebe o cartão/app para aceder à rede.
2. Navegar - Use uma app de mobilidade elétrica ou o website da MOBI.E para localizar o posto de carregamento mais conveniente — perto de casa, do trabalho, na estrada ou para planear a sua viagem.
3. Carregar - Dirija-se ao posto escolhido, autentique-se com o seu cartão ou app, e inicie o carregamento.


Sem complicações, sem burocracia. 
A mobilidade elétrica torna-se mais fácil com um sistema totalmente interoperável como a MOBI.E.

Em Portugal, pode carregar o seu veículo elétrico com toda a comodidade, escolhendo a modalidade de pagamento que melhor se adapta a si.
Estão disponíveis várias opções:


1. Cartão de mobilidade elétrica (CEME) com contrato prévio
A forma mais comum de utilizar a rede. O pagamento é feito através do contrato que tem com o seu comercializador (CEME), normalmente de forma diferida (com faturação posterior).


2. Pagamento imediato com cartão bancário (carregamento ad hoc sem contrato prévio)

a) Num terminal de pagamento automático (TPA), nos postos de carregamento de potência superior a 50 kW, instalados a partir de 13 de abril de 2024, é possível pagar diretamente com cartão bancário, Esta opção cumpre as regras definidas pelo regulamento europeu AFIR.

b) Via QR Code, nos postos de potência igual ou inferior a 50 kW, também instalados a partir de 13 de abril de 2024, poderá fazer o pagamento imediato através de um QR Code disponível no próprio posto, acedendo a uma plataforma online de pagamento. Esta opção cumpre as regras definidas pelo regulamento europeu AFIR.


Com estas opções, a rede Mobi.E garante simplicidade, liberdade de escolha e conformidade com as normas europeias relativas às formas de pagamento, facilitando o acesso à mobilidade elétrica a todos os utilizadores.

A rede MOBI.E está presente em todo o território nacional, incluindo zonas urbanas, rurais e do interior. Isto significa que pode carregar o seu veículo elétrico com confiança, esteja onde estiver — desde grandes cidades a localidades mais pequenas.
A cobertura nacional garante maior conveniência e segurança nas deslocações, permitindo-lhe planear viagens e o dia a dia com tranquilidade, sabendo que tem sempre um posto de carregamento por perto.
 

O modelo Mobi.E é um exemplo de sucesso na implementação de um ecossistema de mobilidade elétrica assente em princípios de interoperabilidade, transparência e inovação tecnológica. Desenvolvido e consolidado em Portugal, este sistema tem vindo a demonstrar o seu potencial como modelo replicável noutros países, graças à sua estrutura aberta, adaptável e baseada em normas internacionais.


Interoperabilidade como pilar central
Um dos principais trunfos do modelo Mobi.E é a sua interoperabilidade total, permitindo que diferentes operadores de pontos de carregamento (CPOs) e comercializadores de eletricidade para mobilidade elétrica (EMPs) coexistam e colaborem numa rede única e integrada. Esta abordagem promove a concorrência, a liberdade de escolha para os utilizadores e a eficiência do sistema como um todo.


Apesar de assentar na separação entre quem vende a energia (CEME) e quem opera os postos de carregamento (OPC), o modelo é muito versátil. Permite, por exemplo:
1.    Que uma empresa que seja ao mesmo tempo CEME e OPC ofereça aos utilizadores de veículos elétricos tarifas integradas nos seus próprios postos de carregamento.
2.    Que empresas do setor da mobilidade elétrica façam acordos entre si, ou com empresas de outros setores, para oferecer descontos, promoções ou programas de fidelização aos seus clientes.


Adoção de protocolos internacionais normalizados
A plataforma digital de informação da MOBI.E assenta na utilização de protocolos técnicos internacionalmente reconhecidos, como:
•    OCPP (Open Charge Point Protocol) – garante a comunicação entre os pontos de carregamento e os sistemas de gestão central;

•    OCPI (Open Charge Point Interface) – facilita a troca de informação entre operadores e comercializadores, essencial para a interoperabilidade entre diferentes países e redes;

•    APIs abertas e documentadas – promovem a integração de novos operadores, aplicações de mobilidade e soluções inovadoras, reforçando a escalabilidade do sistema.
Estes padrões asseguram que a plataforma é agnóstica em relação à tecnologia e aos fornecedores, facilitando a sua replicação em diferentes realidades nacionais ou regionais.

 

Adaptabilidade a contextos locais
Apesar de assentar numa arquitetura comum, o modelo Mobi.E é altamente adaptável às especificidades de cada país, seja a nível regulatório, técnico ou operacional. A plataforma permite configurar regras específicas, tarifas, mecanismos de incentivo ou requisitos legais, mantendo ao mesmo tempo a coerência e integridade do sistema.

 

Transparência, confiança e centralização de dados
A estrutura do modelo assenta numa entidade gestora neutra, a MOBI.E, que centraliza e valida as transações energéticas e financeiras, garantindo transparência entre todos os intervenientes do ecossistema. Esta função assegura a confiança entre os agentes do mercado e a fiabilidade da informação fornecida aos utilizadores.

 

Uma plataforma digital orientada para o futuro
A plataforma digital de informação da MOBI.E foi desenhada com uma lógica de evolução contínua, permitindo incorporar novas funcionalidades, integrar diferentes vetores da mobilidade sustentável (como o carregamento inteligente ou o Vehicle-to-Grid), e responder aos desafios da transição energética global.

 

Conclusão
O modelo Mobi.E não é apenas uma solução nacional de sucesso; é uma plataforma digital aberta e modular com caraterísticas únicas, preparada para ser replicada internacionalmente e adaptada a diferentes realidades, sempre com base em princípios de normalização, interoperabilidade e sustentabilidade. Uma verdadeira solução de mobilidade elétrica para o futuro.